Os nossos visitantes

domingo, 27 de junho de 2010

Rumo à Azaruja para a festa de final de ano da A.S.C.T.E.

Feito o convite aos trabalhadores do CRIC,  alguns puseram-se a caminho para assistir à festa de final de ano da Margarida, na A.S.C.T.E., perto de Évora, no Sábado. Foi um reencontro emotivo, com alguns olhos a pregar partidas e a querer chover. Durante as actuações, foi dramatizado o texto que transcrevemos em seguida e que cremos dizer tudo...que o nosso CRIC também cultive um pássaro da alma com coisas boas, onde reine a alegria, paz, bondade e amor.

Pássaro da Alma


"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma. Ainda não houve quem a visse, mas todos sabem que existe.


E não só sabem que existe, como também sabem o que lá tem dentro.


Dentro da alma, lá bem no centro, pousado numa pata, está um pássaro.


E o nome desse pássaro é o pássaro da Alma.


E ele sente tudo o que nós sentimos:


Quando alguém nos magoa, o pássaro da alma agita-se para lá e para cá em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.


Quando alguém nos ama, o pássaro da alma dá pulinhos de contente, para trás e para a frente, vai e vem.


Quando alguém nos chama,o pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz, a fim de reconhecer que tipo de apelo é.


Quando alguém se zanga connosco, o pássaro da alma recolhe-se dentro de si, tristonho e silencioso.


E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo, começa a crescer, crescer, até encher quase todo o espaço dentro de nós, tão bom para ele é o abraço.


Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.


Ainda não houve quem a visse,


Mas todos sabem que ela existe.


E ainda nunca, nunca veio ao mundo alguém que não tivesse alma. Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos e não nos larga - Nem uma só vez – até ao fim da vida.


Como o ar que o homem respira desde a hora em que nasce até à hora em que morre.


Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma. Ah, isso é mesmo muito fácil: é feito de gavetas e mais gavetas.


Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira, pois cada uma delas tem uma chave para ela só!


E o pássaro da alma é o único capaz de abrir as gavetas dele. Como?


Pois isso também é muito simples:


Com a segunda pata.


O pássaro da alma está pousado numa pata, e com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –roda a chave da gaveta que quer abrir, puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela, sai em liberdade para dentro do corpo.


E como tudo o que sentimos tem uma gaveta, o pássaro da alma tem imensas gavetas.


A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.


A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.


A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.


A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.


E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.


A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.


E a gaveta dos segredos mais escondidos,


Uma gaveta que quase nunca abrimos.


E há mais gavetas.


Vocês podem juntar todas as que quiserem.


Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro as chaves a rodar e as gavetas a abrir.


E outras vezes é o pássaro quem decide.


Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir a gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação, abre-lhe a gaveta da fala, e ela desata a falar, a falar sem querer.


Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente


- E em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego


Que faz com que ela se enerve.


E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.


E que estrague justamente quando mais quer ajudar.


Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinadoe às vezes dá-lhe trabalhos...


Agora já compreendemos que cada homem é diferente do seu semelhante por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.


O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria, e a alegria jorra para dentro do corpo e o dono dele fica feliz.


E quando o pássaro lhe abre a gaveta da raiva, a raiva escorre de dentro dela e domina-o totalmente.


E até que o pássaro volte a fechar a gaveta ele não pára  de se zangar.


E quando o pássaro está de mau humor abre gavetas que dão mal-estar.


E quando o pássaro está de bom humor escolhe gavetas que fazem bem.


E o mais importante – é escutar logo o pássaro. Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.


É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios. Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas
dentro de nós.


Há quem o ouça muitas vezes.


Há quem o ouça raras vezes,


E há quem o ouça  uma única vez na vida.


Por isso vale a pena talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia, escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,no fundo, lá bem no fundo do corpo."

Esta foto foi tirada por um colega da Margarida, à saída da festa. Gostámos muito de te rever, de te ver bem e feliz. A bela planície Alentejana ajuda, não?:)



1 comentário:

  1. Foi uma dramatização muito bonita, não só pelo texto mas pela união que se sentiu, a simplicidade. É fantástico quando algo nos toca e esta festa despertou-nos, tocou-nos a alma. Fico muito feliz por ter tido o privilégio de estar presente.

    ResponderEliminar